A Páscoa do Senhor traz consigo a mensagem da Vida livre da morte e do pecado. O “velho mundo” do pecado torna-se “novo” na Ressurreição de Cristo. Cada coração humano visitado pelo poder da Redenção ressurge para uma “vida nova”.
O ser humano é criado para a “novidade”. Não só para ter e possuir “coisas novas”, mas sobretudo para realizar-se como “ser novo”. “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5).
A verdadeira “novidade” não é algo corruptível ou que possa se estragar com o passar do tempo. A verdadeira “novidade” é Cristo que veio ao mundo, que viveu conosco, morreu, ressuscitou e permaneceu para sempre presente, com o seu Espírito vivificador. Somente Nele é que podemos “tornar-nos novos”. Para isso, é necessário “revestir-nos” de Cristo, entrar Nele e Nele habitar, de sorte que nossa vida esteja realmente escondida com Ele em Deus. Quando Cristo aparecer, então também nós apareceremos com Ele na glória (cf. Cl 3,3-4).
O anúncio da Páscoa que alegrava os corações dos primeiros cristãos, pode gerar entusiasmo também em nós, cristãos nesta época sedenta de “novidade”, na qual cientistas e técnicos gastam suas vidas em busca de novas descobertas. Exatamente a este homem e a esta mulher inquietos, abertos ao “novo”, devemos desvendar o segredo da “novidade” perene: “Se alguém está em Cristo, é criatura nova. O que era antigo passou, agora tudo é novo” (2 Cor 5,17).
A “criatura nova” adquire visão nova para perceber e contemplar a nova realidade que irá acontecendo nela e em volta dela. É a mulher e o homem da fé, que aceitam o mistério, que sabem esperar com paciência. Nesta espera ativa, os homens e mulheres pascais cantam a alegria de viver libertos da solidão, prontos a entrar em comunhão com o Pai e os irmãos e irmãs. Quais peregrinos em direção à Pátria, cantam sua fé no Amor, fazendo de sua vida uma páscoa contínua...
Talvez por isso, a Páscoa é sempre motivo de alegria. É como se nesta alegria todas as esperanças do Povo de Deus se tornassem realidade. Esperança de libertação, de entrada na Terra Prometida, de ressurreição da justiça. Esperança do Reino definitivo, de novas terras e novos céus. Na verdade as chagas gloriosas de Cristo Ressuscitado acolhem todas as chagas dolorosas da Humanidade. As chagas provocadas pelo pecado pessoal e social e, sobretudo aquelas causadas pelo escandaloso “fosso” escancarado entre ricos e pobres... Elas serão todas cicatrizadas e completamente curadas pelo Amor, mais forte do que a morte (cf. Ct 8,6).
Testemunhemos a Ressurreição de Jesus, na certeza de que ela não se limita nem se refere só a Cristo, antes, inaugura um “mundo novo”, onde a morte não tem mais vez nem a última palavra, e sim Vida para todo ser humano que crê no Filho Ressuscitado de Deus. A vitória de Cristo é a nossa vitória. Nessa certeza, prossigamos nossa marcha pascal a serviço da Vida e da Esperança!
Dom Nelson Westrupp, SCJ
Bispo de Santo André (SP)
Fonte: CNBB
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